O perigo da não segmentação do público na comunicação

A maneira com a qual percebemos o mundo não é, de facto, como o mundo é. Um exemplo disso é de que quando temos menos informações conseguimos viver com determinadas crenças em relação ao funcionamento das coisas ou o mundo, assim como as decisões que tomamos são influenciadas pelos dados contidos na nossa memória e, ao obtermos mais informações conseguimos ter ainda mais “clareza” e destreza sobre o funcionamento das coisas que em algum momento acreditamos funcionarem de outra maneira – a expansão da mente. 

Nasci e cresci na Cidade de Maputo e este mês decide fazer uma viagem para Chimoio, este que é um lugar com cultura totalmente diferente da de Maputo. Há várias expressões que tenho em meu repertório fruto das experiências que fui cultivando durante a minha interacção com gente do lugar de onde vim e para ser sincero essas expressões cá são quase nulas durante uma conversa. A forma de articular as palavras para transmitir uma ideia é totalmente diferente e é necessário uma readaptação para poder ter uma experiência completa e permitir troca de ideias com pessoas que vivem em Chimoio. 

É interessante perceber como as publicidades que maioritariamente são concebidas ou criadas na Capital do país chegam a lugares distantes como Chimoio e chegam! Mas chegam com pouco efeito ou são percebidas de forma deturpadas, pelo menos no lugar em que me encontro. Muitas vezes isso acontece pelo facto de que a cultura é uma força motriz para a formação dos valores dos indivíduos. 

Essa experiência tem provado que ao conceber uma peça seja ela de que formato até o formato visual, precisa sempre ter em consideração aspectos culturas do seu público – valores, e crenças. A cultura a qual me refiro não é, necessariamente, regional e sim comportamental como os hábitos. 

As pessoas que leem livros de poesia de autores Moçambicanos, por exemplo, podem ser consideradas como parte de uma mesma cultura, principalmente com a possibilidade da conexão que elas têm de poderem se conectar, inclusive, com pessoas que se encontram além-fronteiras que também se debruçam do mesmo estilo de livro. A maneira que uma mensagem é transmitida para esse público, considerando os dados que elas têm em seus repertórios pode ser usado uma constante para estabelecer uma comunicação eficaz através dos elementos que lhes sejam familiares. 

Portanto, durante a concepção de uma peça gráfica que visa transmitir uma mensagem é necessário, antes de mais, buscar por constantes (elemento familiar) que será compreendido pelo público-alvo. Acreditar que uma comunicação é universal é equivalente a ignorar a existência das diferenças culturais.