Aquele termo saturado, agora sem efeito

Projecto-Recovered-03  

Quando a gente faz algo repetidas vezes, subitamente, esta actividade desencadeia um fenômeno paradoxal em nós, porque há muita possibilidade de tornarmo-nos melhores, assim como a de perdemos o encanto por ela. 


Nos tornamos melhores só quando durante o exercício da actividade buscamos sempre colocar em prática aquilo que se aprende, se vê ou se ouve. Portanto, neste processo o nosso repertório, ou os conteúdos/informação que internalizamos vão exercer uma influência sobre o resultado do nosso trabalho. Como dizia Massimo Vignelli, a qualidade dos nossos trabalhos revelam os nossos gostos pelas coisas, ou a capacidade sensitiva a que os nossos sentidos estão educados. Por outro lado, eu acredito que a nossa capacidade sensitiva está ligada à nossa maneira de ver o mundo, a maneira que a gente julga, isto porque, os critérios para o julgamento revelam a nossa essência e a capacidade de leitura das coisas. Condição essa influenciada por nossos valores e princípios.


Por outro lado, ao praticarmos repetidas vezes uma actividade sempre com as mesmas técnicas corremos o risco de atrofiar a nossa capacidade criativa. Hoje mais do que nunca, devido a capacidade que os designers e/ou criativos têm de analisarem  ou perceberam a reacção do público em relação aos seus trabalhos, facilmente assumem a postura inerte repetindo aquilo que já sabem,  mesmo que isso exija que se sacrifique a funcionalidade com a justificativa de que o público está acostumado. 


Para reforçar o pensamento acima, “não se pode obter resultados diferentes agindo da mesma forma”, pois isso é querer que um bloco de concreto tenha a elasticidade que o balão possui. Na mente tudo é possível, mas há que respeitar a propriedade das coisas e ainda mais, respeitar a natureza daquilo que origina uma necessidade.


Hoje, mais do que nunca, é possível obtermos soluções incríveis que resultam dos conceitos que se encontram saturados através de operações criativas.